Alô Alô, o W não apenas no Brasil
Roguemos ao pai por mais Bens ou por menos mal
Ou como reza a lenda: chamemos o síndico: Tim Maia!
“Alô, telefonista
Me desperte às 7:15, por favor” — Jorge Ben
É verdade muito bem aceita que tudo tem um começo, um apreço e um tropeço. Por isso, para se conhecer bem o caminho por onde se anda é fundamental remover certos obstáculos nem sempre visíveis. Ou melhor dizendo: Tira essa escada daí!
“Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.”— autor desconhecido.
Ninguém sabe se Deus existe, existiu ou se ainda existirá. Mas caso exista e as narrativas bíblicas a seu respeito carreguem a mínima centelha de conexão com as regras lógicas que regem nosso universo, algumas perguntas seriam bem-vindas.
Por exemplo: sendo ele conhecido como pai, sujeito que nasceu com corpo anatomicamente classificado como masculino e que se percebe como o primeiro macho alfa do universo, expressando muito orgulho disso e exigindo que eventuais súditos se comportem da mesma maneira, como teria ele gerado os humanos a partir da sua imagem sem o auxílio de qualquer mulher (pelas quais nutre clara ojeriza)? Seriam seres humanos meras esponjas agressivas?
Mas, no entanto, caso ele seja identificável externamente como Homem mas carregue consigo o fardo uterino e os frutos ovarianos proibidos que habitam as trompas serpentinas (fato hipotético esse muito mais alinhado ao mito de um Ser todo-poderoso, diga-se de passagem). Dada a sua autodeclaração de supremacia masculina que carece de vagina e padece de fobias, poderíamos lhe perguntar como e quem lhe fecundou e por qual orifício haveria saído a humanidade?
Mais além, independentemente dos percalços psicológicos embutidos à sua sexualidade hermafrodita, caso avaliemos apenas o axioma da impossibilidade parental exclusiva uma vez que não somos clones (e seja muito bem vinda diversidade genética, sua linda), ao avaliarmos o comportamento divino poderíamos questionar sua patência mental como um todo.
São tantos os episódios narrados soterrados por violência gratuita, racismo, misoginia, falas incoerentes de autoengrandecimento, presença de amigos imaginários, necessidade de afirmação hierárquica, retaliações genocidas, além de um senso estético muito do duvidoso que poderíamos indagar-lhe por fim: sentes prazer com o sofrimento alheio, Deus?
Na verdade são muitas as questões nesse pomar. Qual exatamente é a erva que produz sementes? Como animais foram categorizados sob o desígnio “doméstico” se não havia nenhuma construção ou pessoa modelada ainda? Por que passeavas pelo jardim do Éden à hora da brisa da tarde e por que duas pessoas sem roupa lhe incomodaram tanto?
Por que precisam existir reinos, escravos, subjugação, ira e punições? Em qual momento a multiplicação virou estupro e justificativas estúpidas como cor da pele ou religião fecundaram o absurdo?
Qual era o tamanho da sua dívida contraída com os judeus? Todo o dinheiro será devolvido quando Setembro chegar num envelope azul indigo? Ou simplesmente continuaremos escravizando nossos semelhantes, inventariando seres vivos e botando fogo em argumentos e mendigos?
Por que exiges a adoração incondicional mas evades a responsabilidade parental quando semeias hábitos do mal e fomentas o caos social?
Mais além: o que fizestes com o corpo da mãe, ó pai misericordioso?
Jogastes, ela também, no lixo e agora finges não ter nada a ver com isso?
“Alô, Alô tia Léia
Se tiver ventando muito
Não venha de helicóptero”— Jorge Ben