Jogos mortais

Li Macedo
2 min readSep 11, 2022

Verde e árduo faz-de-conta.
Juras falsas sem prudência.
Promulgada a lorota,
arremata-se a anuência.

Na áurea glória: a vitória.
Cartas regem incoerências.
Divina amnésia alcoólica;
repaginada providência.

Choremos caros bravos,
o prognóstico segue reservado.
Vistas negadas aos pobres cegos olhos.
Robusta papelada.
Sem qualquer repertório.

No tabuleiro paranoico,
tolos somos. Todos peões.
E sempre há rodeios.
Sem direito ao contraditório,
afogado em contradições,
segue o povo brasileiro.

Maquiadas contravenções
engendram discursos notórios.

Existem dados confiáveis?
Não.

Outro corpo no escritório.

De que se trata, caro detetive?
A tal da honra em deslize.
A gueixa sem queixa.
Banalizado feminicídio.

Quem é a vítima?
Dona Rosa. Se bem que roxa.
Despedaçada e agredida.
Caule gelado.
Envasada em coroa.

Outra flor interrompida.
O floema obliterado.
Um poema obituário.

Causa da morte?
Machismo encravado.

E por que açoitaram o (ex)cravo?
Por acaso investigaram o marido?
Quem, o astuto juiz, Sr. Marino?
Imagina! Sujeito muito distinto.
Jamais faria isso.
Isso é coisa do diabo.
Daqueles que já nascem desgraçados.

E o Coronel Mostarda? Interrogaram?
Para quê? Sr. Black já foi indiciado.
A ele foi atribuída uma seita.
Provisoriamente sentenciado.

E a Dona Branca?
Por que foi presa?
Detida por bruxaria.
Além de intrometida,
usava roupa lasciva.
Mérito contestável.

Cá entre nós:
essa morte está suspeita.
E o Castiçal? Periciaram?

Não é preciso.
A culpa é do serviçal.
Confessou tudo o acusado.
Bastou ser espancado.
Julgamento geográfico.
Nasceu na Candelária.
Concordou que usou o candelabro.
Habeas corpus negado.
Caso efetivamente encerrado.

Esse jogo da vida
sempre é meio macabro.

Mudemos a jogatina,
cansei de banco imobiliário.

Que tal imagem e ação?
Já sei!
Brinquemos de operação?
Pode ser.
É de anatomia?

Não.
É sobre o tema injustiça.
Pacificação.

As regras são simples.
Eu sou da milícia.
Você: favelado e ladrão.
Nem precisamos de justificativas.
Guerra de qualquer facção.

Enquanto eu finjo ser da polícia
e coleto a propina;
você corre e se esconde
em qualquer construção.

Caso eu não te encontre,
torturo sua família.
Posso plantar uma contravenção.

Mas caso eu te pegue
escrevo auto de resistência
na tampa fechada do seu caixão!

Bora lá?
Tá valendo ou não?

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